luCastro
Nome literário de Luiz Eustáquio de Castro é mineiro, vive nos EUA é autor de vários livros editados pela Editora Scortecci.
É professor, cursou Filosofia, Teologia, Estudos Sociais Brasileiros na PUC-MG
Autor das obras editadas pela Scortecci: BOB DYLAN ENTRE PALAVRAS, PORTAL E PORTAS (novela), AS INTRODUÇÕES DO PÊNIS (ficção), ÉGUAS E TRÉGUAS (novela), HORSES E DIVÓRCIOS (teatro), O HOTEL DO PARTO (novela), O MUSEU DA MENOPAUSA (teatro), O NU DA RECORDAÇÃO (poesia), OSSOS DAS FLORES (romance). O livro trata-se literariamente de crônicas inspiradas no atual momento em que o mundo atual se acha um “breaking point”: conflitos políticos para impor o autoritarismo, ataque a democracia, guerras provocadas, discriminações raciais e sexuais. O vácuo e comparável ao espaço provocado de uma semente arrancada de uma fruta impedindo-lhe o seguimento livre da vida. O único voto que garante a retirada do mundo do vácuo e o da liberdade humana.
ENTREVISTA
Olá Luiz. É um prazer contar, novamente, com sua participação da Revista do Livro da Scortecci.
Do que trata o seu Livro?
No meu recente livro, crônicas, eu abordo a temática sobre os vácuos humanos. Tentei mixar os assuntos de forma intercalada isto para não perder o caráter literário ou submete-lo ao teor
politico tão somente. Friso aqui o seguinte que existem coisas que a agua da chuva não as podem lavar, ou seja, os vácuos criados pelas ações desumanas dos homens tais como a fome consequência dos ataques de guerra, a impregnação do ódio e sangue politico, os massivos genocídios.
Esta “vacuolgia“ por assim dizer nos mostra a fisionomia do mundo bastante alterada nas suas estacoes tornando difícil de se detectar aonde termina a o inverno e começa a primavera. Ou aonde existe ar respirável ou flores ambientais na face da terra.
Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
O meu livro é destinado a aqueles que ainda preservam o gosto de ler a ficção literária. Sinceramente a ideia inspiradora do mesmo brotou-me a partir do grande vácuo humano surgido através das tarifas impostas pelos Estados Unidos sob os produtos importados países, tais como o nosso o México, gerando consequências na carne viva das relações internacionais e pondo em riscos as soberanias dos mesmos. Então o abacate (avocado) por exemplo foi o meu símbolo de inspiração.
Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. O primeiro de muitos ou um sonho realizado?
Sou apenas um instrumento da literatura, um escritor que não valoriza títulos, estrelismo, que trabalha para arcar com as despesas das edições dos meus livros. O meu primeiro sonho sempre foi o de continuar estando vivo e de pé nesse nosso mundo de desigualdades e absurdos. E o meu sonho continua mentindo-me disposto e produzindo para defender o bom caráter das pequenas editoras as quais também lutam para retirar da testa dos escritores independentes aquele antigo “tag” de desconhecidos e invisíveis os quais só são vistos através dos seus trabalhos como um campo minado para os escritores e pesquisadores recorrerem e buscar inspirações para criar em cima os seus novos projetos.
Sendo então este o meu grande sonho no campo literário combater com a verdade esse abuso que faz cegar o autor independente..
O que te inspira escrever?
Geralmente qualquer espaço humano até mesmo qualquer objeto ou fruta tornam-se a razão para tal. No geral o escritor independente ou não e um humanista, sendo esta a sua grande honra a ser preservada no mundo das competições suposto a ser fraterno.
O seu livro merece ser lido? O que ele tem de especial capaz de encantar leitores?
E qual o escritor não almejaria as suas obras serem lidas? Caso esta não fosse a minha meta eu logicamente me enforcaria com uma corda de palavras no pescoço. Creio ser a defesa do quadro de saúde das palavras ante as atuais “fast informations” dos “devices” e que luta para a sobrevivência da esperança por querer ver o povo brasileiro lendo novamente estando num mundo melhor cujo cenário muda a cada instante pois, nele o guarda noturno deixa de ser o mesmo e o lampião da esquina a internet apenas desconhece que existiu. Ainda digo que na atual conjuntura cultural o mercado livreiro no Brasil passa por um “árido experiencialismo” aonde ninguém lê livros de ficção literária (poesias, novelas, romances etc.) e não lendo claro que também não se vende. Além da dura realidade comprovada nos ibopes levantados pela tão conceituada revista brasileira Veja que faz levantamentos dos livros mais vendidos no pais, os “best sellers” traduzidos para o português e produtos das tidas grandes editoras americanas, tais como o gigante grupo Schwarcz que com as suas inúmeras subdivisões atacando o solo brasileiro, fisgam com os seus anzóis estratégicos econômicos os escritores brasileiros “de destaque”, dando preferencia aqueles cujos livros hão sido convertidos nos “screen plays” tidos bandeiras de defesa ideológicas e que unem o útil ao agradável, defendendo a democracia e arrecadando gigantesco “amount” lucrativo o que reforçam-lhes com prêmios e o peso dos troféus nas mãos, deixando os atores protagonistas brasileiros com as suas bocas abertas a questionar que a repercussão só pode ter sido coisa de um Deus ou vários.
O que na verdade esta fator de promoção nada mais nada menos tem sido e obra da mídia internacional globalizada. O fato é que o setor cinematográfico do nosso pais há poucos anos atrás passava também por uma situação árida similar tal como a que o mercado editorial ou livreiro experimentam atualmente. O fato é que o casamento das grandes publicadoras multinacionais com as grandes publicadoras brasileiras tem sido o grande causador do pulo das lágrimas dos olhos das pequenas editoras e autores independentes. Assim é a realidade atual e doida uns vendendo demais e outros nada. Que sociedade cultural igualitária é esta? Pergunto.
O Brasil carece de editoras genuinamente brasileiras “nossas mesmo” com soberanias próprias para poder valorizar melhor os nossos autores independentes, os que emergem e também são inteligentes e merecem ser vistos e negociados. Editoras com “raízes nossas” fundamentadas em Guimarães Rosa, Eça de Queiroz, Machado de Assis, Nelida Pinon e Adelia Prado. Editoras as quais venham reforçar os seus “links” com as pequenas editoras “também nossas” as quais vem sido afetadas com esta crucial literária. Por outra instancia ainda menciono os autores que já se profissionalizaram e pertencem a União dos Escritores ou a famosa ABL (que só agremiavam a ela escritores prestes a morrer exibindo o seu uniforme) pudessem ser menos egoístas conectando-se melhor os que estão ai na parada lutando. Para fechar este tópico faço questão aqui de ilustrar dois exemplo de suporte vindo de duas pessoas. Um otimista o outro frustrante. A falecida Nelida Pinon sempre apoiou-me em vida com otimismo e autenticidade alegando-me que no campo editorial existe espaço para todos. O escritor Frei Betto que prefaciou o meu primeiro livro nos anos oitenta e haja elegado o mercado livreiro brasileiro estar no caos.
Recordo-me que quando lancei o meu romance Ossos das Flores, o enviei um e-mail (na época ele tinha a AOL) com a pura intenção e entusiasmo anexados comunicando-lhe sobre o lançamento do meu livro . Ele “maquiavelicamente” respondeu-me desta forma “deixe-me correr atras do livro do Luiz.” Ante esta surpreendente grosseria da parte dele prometi para mim mesmo nunca mais ler nada da sua autoria. O escritor tem por obrigação estar ligado com a educação das palavras para poder preservar a sua educação pessoal.
Como ficou sabendo e chegou até a Scortecci?
Através de uma “long time” amiga jornalista que tem um amigo autor da editora Scortecci. Editei nela o meu primeiro livro, gostei, re-gostei e estou até hoje com ela e não me abro. Obrigado pela oportunidade a mim oferecida para com esta entrevista e grato aos leitores pelo seu tempo.
Obrigado pela sua participação.