Nome literário de Silvio José de Alencar. Formado em Publicidade e Propaganda, é roteirista de quadrinhos e escritor. Contemplado em editais de Cultura do Estado do Espírito Santo, publicou a graphic novel Contos da Ilha de Santônio e os quadrinhos online Contos Estranhos (contosestranhos.com.br), respectivamente em 2014 e 2016, além de ser autor do livro de contos O Carregamento e outras histórias e roteirista do projeto MPT em quadrinhos do Ministério Público do Trabalho.
Lip e Chip eram dois garotos que viviam em um mundo criado sobre as maravilhas deixadas pelos Antigos. Uma delas era o Grande Martelo. Uma enorme arma nunca antes usada, descoberta pelo grande Rei Dourado, o único que conhecia sua devastadora capacidade destrutiva. Naquela tarde ensolarada e bonita, Lip e Chip iriam lamentar profundamente o fato de o rei nunca ter contado para alguém como a arma funcionava.
Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
O livro conta a história de dois meninos, Lip e Chip, que
vivem em um mundo que esqueceu todo o seu passado e que foi construído sobre as
maravilhas dos Antigos. Uma dessas ditas maravilhas é o Grande Martelo. Uma
enorme torre que dizem ser uma poderosa arma contra os insetos gigantes que
assolam a humanidade. É uma história infanto-juvenil de aventura e de amizade
que acho que vai agradar a crianças e adultos.
A ideia me veio durante um curso de roteiro com o cineasta
José Roberto Torero em 2001, acho. Um dos exercícios era escrever o roteiro de
um curta-metragem. Eu escolhi fazer uma animação. Sempre fui fã de histórias
distópicas futuristas. Na época, tinha lido e visto algumas bem legais, como
Planeta dos Macacos e alguns contos de Jack Vance e Ray Bradbury. Então, o
Grande Martelo me veio à cabeça e eu escrevi suas cenas no computador.
Nunca entreguei o roteiro para o Torero, fiquei com receio
de não ser o que ele esperava. Receio bobo, mas tive. Então a história ficou
engavetada dentro do meu HD. Quando fiquei sabendo do concurso literário da
Afeigraf resolvi participar com aquela história. Então, cacei o arquivo em um
hd externo e o usei para escrever o meu livro.
Fiquei muito feliz quando soube que havia vencido o
concurso com aquela história escrita há tanto tempo e que tive receio de
mostrar para meu professor de roteiro. Então, foi assim que de um roteiro para
uma oficina, o Grande Martelo se tornou um livro.
Fale de você e de seus projetos no
mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de
plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Sempre fui de ler muito e sempre arriscava escrever um
conto aqui e outro ali. No Ensino Médio criava histórias em quadrinhos com meus
amigos Manoel Moraes e Léo Rangel, e mais tarde conheci o ilustrador Henrique
Gonçalves, responsável pela arte de o Grande
Martelo, com quem partilho muitos projetos, como a graphic novel Contos da
Ilha de Santônio, vencedora do edital de cultura da Secretaria de Cultura do
Espírito Santo – Secult, de 2013, e o site de quadrinhos Contos Estranhos
(contosestranhos.com.br), também vencedor do edital da Secult, só que de 2015.
Tenho também um livro de contos, o Carregamento e outras
histórias, que está à venda na Amazon, e publico alguns contos na rede social
de escritores Wattpad. No futuro pretendo publicar um livro de ficção
científica e um outro infanto-juvenil. Vamos ver como as coisas vão seguir.
Estou muito feliz com a repercussão de o Grande Martelo.
O que você acha da vida de escritor
em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Aí é que está, não acho que a leitura seja pouco
valorizada, muito pelo contrário. As pessoas demonstram um grande respeito por
quem saca um livro dentro de um ônibus, ou por quem diz ler regularmente um
livro. O que acontece é que quem não lê se sente incapaz de tirar prazer de um
livro por acreditar que aquilo não é para ele. Na escola, todos somos forçados
a ler, muitas vezes livros que nunca atrairiam a atenção de uma criança ou
jovem. E isso afasta leitores, não os criam. Por que não dar Harry Potter, ou
Percy Jackson, ou os livros do Pedro Bandeira, como a Droga da Obediência, ou os de Ana Maria Machado, como Bisa Bia Bisa Bel, para o aluno? Por que não dar
quadrinhos? Sempre falo para quem me pergunta como consigo ler livros como
Guerra dos Tronos (livro de quase mil páginas) que leio uma página após a
outra, da mesma forma que assisto a um seriado, episódio após episódio, não é
cansativo, é prazeroso. A formação de leitores no Brasil é importante para a
formação de escritores e para a criação de novas histórias que irão aquecer o
mercado literário e narrativo como um todo, pois são dos livros que vêm
diversas outras narrativas, como a televisiva e a cinematográfica. A gente peca
em não incentivar de forma correta isso. Pais que leem incentivam a leitura nos
filhos, e assim vai. Em um mundo em que o entretenimento eletrônico começa cada
vez mais cedo, é importante apresentar o livro de forma igual. Sem pressão, ou
castigos, mas como algo divertido. É o que acho.
Como
você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
A Scortecci era parceira da Afeigraf no concurso literário
que venci. Foi ela quem editou e diagramou todo o livro. Só tenho a agradecer o
trabalho primoroso que resultou na publicação de O Grande Martelo.
Principalmente a toda equipe editorial da Scortecci, como a Fernanda de Sá e a
Paloma Dalbon, da Pingo de Letra, o selo infanto-juvenil da editora. Espero que
haja diversas outras iniciativas do tipo no futuro.
O
seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus
leitores?
O Grande Martelo fala de um futuro
que se ergueu sobre um passado longínquo, do qual ninguém mais tem memória. Ele
faz um alerta a isso na nossa sociedade atual, pois costumamos esquecer com
facilidade coisas importantes, que seriam fundamentais para que aprendêssemos a
lidar com erros já cometidos. Além disso, é um livro sobre amizade e aventura.
Eu realmente espero que meus leitores gostem tanto de Lip e Chip quanto gostei
de escrevê-los. Espero que seja uma leitura divertida e prazerosa. Um grande
abraço.
Obrigado
pela sua participação.