04 dezembro, 2015

Entrevista com Fernanda Pittella - Autora de: ALLEGRO VIVACE e ADAGIO CON BRIO

Mineira de Santos Dumont, Fernanda Pittella pertence à nova geração de escritores brasileiros cuja literatura inspiradora reflete um estado de espírito tradicional e regionalista muito peculiar. Estudou e viveu em diversos países, colecionando referências culturais enriquecedoras ao seu estilo coloquial e acessível. Graduou-se em odontologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora e doutorou-se em Patologia Molecular pela Tokyo Medical and Dental University, no Japão. Viveu cinco anos na Bélgica, e após retornar ao Brasil, dedicou-se ao estudo de Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro. Atualmente reside em Singapura. Nunca perdeu suas raízes mineiras, o que é facilmente identificado em seus livros.

É o segundo livro da escritora brasileira Fernanda Pittella, que retoma os personagens do livro “Adagio com brio – Uma aventura Toscana”. Nessa nova aventura, Papamufle, Coccinella e sua barulhenta trupe embarcam rumo à Provence, na França. Embalados pelo aroma da lavanda, a família mineira de Cabangu vai explorar as delícias da culinária francesa, degustando os pratos típicos da região e se encantando com a descoberta das pequenas e antigas cidades provençais.
O texto, bem-humorado, é entremeado de passagens divertidas com as quais o leitor facilmente se identificará.
Cabangu se encontra perdida nas montanhas da Mantiqueira, um lugar imaginário onde as tradições mineiras são vividas com o fervor de antigamente, a culinária é a do tempo das avós, o bom mocismo permanece na província. Em Cabangu a memória se eterniza no não passar do tempo, o real e o fantástico se fundem e se confundem.
Apesar de Cabangu, a família de Papamufle esteve sempre disposta a desbravar outros horizontes. Desta vez, o lugar escolhido entre ruidosas tertúlias e almoços de domingo, foi uma região muito especial e perfumada ao sul da França: a Provence, um museu galo-romano a céu aberto, circundado por uma natureza ora dramática, ora serena.
Allegro Vivace é um andamento musical vivo e acelerado, que traduz com precisão o tom da narrativa que se desenrola entre a província e a Provence.

Misto de memórias e diário de viagem, o livro faz uma espécie de crônica do convívio dessa “turista acidental” com seu clã e seus simpáticos “agregados” durante uma jornada pela Europa. Roteiro, diga-se de passagem, permeado por recordações das terras mineiras.
Aquele setembro fez história: sete animados viajantes percorreram Itália e França seja a bordo da enorme van, capaz de carregar malas e tralhas, ou dentro de ônibus, metrôs e trens, com direito a estações com suas escadarias intermináveis.
A farra foi boa, em meio à magia de Trastevere durante noites agradáveis, ao poente em Assis, aos queijos da Toscana, terra de vinhedos inesquecíveis. Como esquecer o início do outono em Paris? Mais que mero cartão-postal, a aventura deixou memórias – de afetos.
Em meio a multidões de turistas esbaforidos ávidos em clicar tudo ao mesmo tempo agora, os Pittellas seguiram direitinho o conselho de Dante Alighieri: “E nós fomos adiante contemplar as estrelas”.
Olá Fernanda. É um prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da Scortecci do Portal do Escritor.

Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
Lancei meu primeiro romance de ficção em 2013: “Adágio com Brio, uma aventura Toscana”. O livro surgiu como uma inspiração imediata – a história como que se escreveu sozinha. A história foi baseada em uma viagem que fiz com minha família para a Itália e a França, no ano anterior. Agreguei um pouco de fantasia, uma pitada de emoção e poesia. Em 40 dias o manuscrito estava pronto! Esse romance recebeu uma crítica muito positiva em um dos principais jornais do Brasil, o Estado de Minas. No mesmo ano, apresentei o romance à comunidade brasileira na Embaixada do Brasil em Singapura, onde resido atualmente. Com os diversos retornos positivos que recebi, percebi que o livro inspirou àqueles que gostam de viajar, degustar um bom vinho e apreciar o sabor da vida numa espécie de "dolce farniente".
Em 2014, o livro foi traduzido para o francês e lançado nas Alliance Française do estado de Minas Gerais e do Espírito Santo, no Brasil. O êxito desse lançamento encorajou a escritora a se dedicar ao segundo volume de uma trilogia, “Allegro Vivace, du Brésil à la Provence”. Esse segundo romance utiliza os mesmos ingredientes do primeiro – memórias de viagens, família, gastronomia, poesia e bastante reflexão. Pittella reforça a linguagem coloquial adotada no primeiro livro, repleta de neologismos e expressões idiomáticas. Percebe-se também um amadurecimento na construção do texto e na exploração dos personagens. Seu segundo livro é um verdadeiro deleite literário, e alguns críticos chegaram a associar elementos de seu romance com os de Garcia Marques, Guimarães Rosa e também Thomas Moore: a existência de uma vila imaginária como Macondo (“Cem anos de solidão”) e Amaurota (“Utopia”) é o ponto de partida dos dois livros da escritora, com sua fictícia “Cabangu”.
“Allegro Vivace” foi apresentado pela primeira vez ao público francês no prestigioso “Salon du Livre de Paris”, em março de 2015. Nesse ano, o Salon teve como convidado de honra o Brasil, dando destaque ao país e a seus escritores reconhecidos internacionalmente e também à nova geração que vem surgindo, com sua literatura renovadora e inédita. Na ocasião, Pittella teve a oportunidade de ofertar um exemplar de seu livro, cujo enredo se passa na Provence, ao presidente François Hollande. Grande incentivador das artes e das letras, Hollande prestigiou o Salon com sua presença, conversando com alguns escritores e compartilhando com o público seu prazer pela leitura.
O livro foi apresentado ao público brasileiro apenas agora, quando a escritora participa do Festival Literário Internacional de Belo Horizonte (FLI-BH), que aconteceu entre 25 a 28 de junho de 2015.
O lançamento oficial da obra ocorrerá no dia 21 de julho na Câmara Municipal de Santos Dumont, às 19 horas, em Santos Dumont.

Cabangu se encontra perdida nas montanhas da Mantiqueira, um lugar imaginário onde as tradições mineiras são vividas com o fervor de antigamente, a culinária é a do tempo das avós, o bom mocismo permanece na província. Em Cabangu a memória se eterniza no não passar do tempo, o real e o fantástico se fundem e se confundem.
Apesar de Cabangu, a família de Papamufle esteve sempre disposta a desbravar outros horizontes. Desta vez, o lugar escolhido entre ruidosas tertúlias e almoços de domingo, foi uma região muito especial e perfumada ao sul da França: a Provence, um museu galo-romano a céu aberto, circundado por uma natureza ora dramática, ora serena.
Allegro Vivace é um andamento musical vivo e acelerado, que traduz com precisão o tom da narrativa que se desenrola entre a província e a Provence. Nessa obra, o leitor vai encontrar a história de "Cabangu" sob o olhar de uma criança. Tem o encantamento do primeiro amor e o susto da primeira perda. Tem 'sonetos inéditos' de Vinícius de Moraes e encontros com Fernando Pessoa. Tem o glamour de Nova Iorque e a simplicidade das tradições de Minas. Tem Tiradentes, Caraça, Estrada Real. Tem tudo isso em "Allegro Vivace". Ah! E tem lavanda, Nostradamus, Van Gogh, Provence, França...
O livro é um verdadeiro deleite literário, que promete agradar aos leitores que apreciam viajar, mesmo sem sair de casa.

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
"Adágio com Brio" é o primeiro andamento de uma sinfonia literária que também inclui "Allegro Vivace, da província à Provence" e "Andante Moderato, incertezas asiáticas". Todos são relatos de viagem que usam ingredientes semelhantes: relatos muito pessoais onde exploro as matizes culturais de cada região visitada, além de acrescentar uma verve poética para situações cotidianas da vida.
Essa trilogia foi traduzida para o francês e está em vias de ser traduzida para o inglês. O livro foi apresentado ao público francês e europeu no prestigioso "Salon du Livre de Paris", em março de 2015, e também divulgado entre a comunidade brasileira de Singapura.
Pretendo, em 2016, lançar o I Concurso Literário Nicolau Pittella, na cidade de Santos Dumont, em Minas Gerais. Pretendo, dessa forma, encorajar e premiar novos talentos literários na cidade onde nasci.

"Allegro Vivace, da província à Provence" é o segundo livro de uma série de relatos de viagem, onde encontramos também "Adágio com Brio, uma aventura Toscana" e "Andante Moderato, incertezas asiáticas". Essa sinfonia literária será seguida de um livro mais denso, que trata da morte sob o ponto de vista de diversos membros de uma mesma família.
O futuro é promissor, pois a fonte é abundante. Além desses quatro projetos, há ainda o desejo da realização do I Concurso Literário Nicolau Pittella, que pretende encorajar e revelar novos talentos literários em minha cidade natal, Santos Dumont, em Minas Gerais.

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
O caminho percorrido pelos escritores, principalmente para os novos e desconhecidos talentos, é árduo e cheio de percalços. As editoras amadas pelo grande público preferem investir em best-sellers internacionais ou autores já amplamente reconhecidos. Resta a alternativa das pequenas editoras e das editoras independentes, como a editora Scortecci. Mas acredito que o que realmente move um autor a se dedicar à publicação de seu livro é a satisfação de poder divulgar uma história inédita, uma ideia, uma mensagem. Aí sim, mora a beleza da literatura.
Existem diversos meios de se fazer lido, não apenas os impressos, como também os virtuais. A literatura deve alcançar o maior número possível de leitores. Nosso país ainda é jovem na tradição da leitura, mas há sim, muitos leitores, e de qualidade, em busca de novas obras a serem exploradas. A afirmação é colocada em xeque quando conhecemos os números de visitantes de bienais e feiras, de frequentadores de bibliotecas e cafés literários. É estimulante ver esse número crescer a cada ano. De fato, o caminho literário, assim como as outras expressões artísticas e musicais, tem muitos percalços. Porém, quem ama o que faz e o faz com prazer, já recebe sua recompensa ao concretizar o seu projeto literário.

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Por recomendação de amigos escritores.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Eu escrevo para as avós
Para as almas antigas de muitas vivências
Dentro de uma só vida.
Escrevo para os espíritos repletos de beleza
Que quando a existência lhes pesa sobre os ombros
Não se furtam à lagrima discreta
Que desce sorrateira.
Escrevo coisas banais e simples
Assim como a vida é simples e banal.
Escrevo coisas serenas
Para que os olhos encontrem repouso
E o coração, doçura.

Obrigado pela sua participação.

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