14 março, 2016

Entrevista com Dalton Delfini Maziero - Autor de: SACRALIZANDO O SOLO

É graduado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), pós-graduado em Arqueologia pela Universidade de Santo Amaro (UNISA), técnico em Organização de Documentos Históricos pelo IEB-USP e técnico em Museologia pela ETEC de São Paulo. Pesquisador especializado nas áreas de Culturas Pré-Colombianas e História da Pirataria. É autor da obra “Titicaca – Em busca dos antigos mistérios pré-colombianos”.

Os geoglifos da América do Sul constituem um dos maiores mistérios da arqueologia mundial. Como entender os motivos que levaram homens do passado a desenharem gigantescas figuras e linhas no solo, em especial, no deserto americano? Esse fenômeno social ocorreu em grande profusão no Peru, mas também no Chile, Brasil e outros países vizinhos. Desvendar esse mistério é entregar-se a um complexo jogo da mente humana, que mistura rituais sofisticados, manipulação da natureza e necessidades básicas de sobrevivência. Afinal, por que os antigos povos das Américas precisavam dos geoglifos?

Olá Dalton. É um prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da Scortecci do Portal do Escritor.

Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
Minha obra trata sobre um dos maiores mistérios da arqueologia mundial: os Geoglifos da América do Sul. Todo mundo em algum momento de sua vida, já deve ter visto aqueles desenhos gigantescos feitos no deserto do Peru, em Nazca. A maior parte deles só pode ser visto de avião, pois muitos alcançam mais de 100 metros de comprimento. Em meu livro, eu analiso três grandes grupos de geoglifos, existentes em Nazca (Peru), no Atacama (Chile) e no Acre (Brasil). Faço um paralelo entre eles, retirando dai conclusões muito interessantes sobre como foram feitos, para que serviam e se eram de verdade, obras monumentais. A ideia de escrevê-lo surgiu em 1985, quando fiz minha primeira viagem de exploração ao Peru. Naquela época, era ainda um adolescente. Fui ao deserto, conheci arqueólogos, visitei a Linhas de Nazca...e desde então, decidi o que queria de minha vida: ser historiador, arqueólogo e escritor! Queria descobrir cidades perdidas e me embrenhar em desertos e florestas! Minha obra é destinada a todos que se interessam por arqueologia e pelos mistérios do passado. É uma obra reflexiva e científica, mas ao mesmo tempo, um ótimo guia a quem pretende um dia conhecer pessoalmente as regiões que menciono no livro..

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Desde jovem, viajei muito pela América. Conheci países, culturas e visitei inúmeros sítios arqueológicos, no Peru, Chile, Bolívia, Colômbia, México... Com o tempo, senti a necessidade de organizar toda essa experiência de vida, junto com meus estudos no campo da arqueologia e história. Fundei um Blog dedicado a assunto – Arqueologia Americana (http://arqueologiamericana.blogspot.com.br/)- que já está em atividade há mais de 20 anos. Dessa forma, escrever foi um processo natural nessa caminhada. Mas esse livro sobre os Geoglifos não foi o primeiro. Em 1997 fiz uma expedição ao Lago Titicaca. Fui o primeiro brasileiro a contorna-lo a pé, sozinho. Levei mais de 3 meses caminhando ao longo de 1.300Km. Dessa aventura surgiu o livro “Titicaca – Em busca dos antigos mistérios pré-colombianos” (hoje publicado em formato digital) com quase 400 páginas! Na verdade tenho muitos projetos de livros em andamento, sobre arqueologia e também histórias de piratas, que é outro campo de estudos que me fascina!

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Quando era adolescente, “devorava” ao menos três livros por semana. Na época não existiam computadores, e a janela para o mundo eram os livros em papel. A tecnologia moderna (internet) hoje abre muitas portas, mas condicionou as pessoas a lerem poucas linhas, apenas pequenos trechos. Dessa forma, quem pretende escrever não deve ter muitas ilusões. Atingir um público leitor é bastante difícil. Eu por exemplo, sempre lanço meus textos em formato digital, para tentar alcançar um público mais jovem. Mas a grande verdade continua sendo essa: um leitor é formado na juventude. Se ele não lê quando criança, dificilmente irá se tornar um leitor assíduo quando adulto. Seja como for, pretendo escrever para o resto de minha vida, pois é um exercício que me dá muito prazer e satisfação!

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Foi através de uma amiga escritora Elaine Bordalo. Estávamos fazendo pós-graduação em arqueologia, quando ela publicou – pela Scortecci – a obra “Delitos contra a Divindade no Mundo Antigo” (2013). Gostei tanto do resultado do livro dela, que pedi os contatos da Editora Scortecci para, no futuro, publicar meu trabalho de pós-graduação sobre os geoglifos.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Diria que meu livro DEVE ser lido, e também utilizado em debates universitários e trabalhos escolares! Ele trata de um assunto muito polêmico no campo da arqueologia. Escuto muita gente falar sobre os geoglifos sem base científica, sem conhecimento de causa, citando teorias que absolutamente são equivocadas. Os mistérios do passado são verdadeiramente fascinantes, e se tornam mais incríveis compreendidos do ponto de vista científico. As civilizações do passado eram assombrosamente criativas e originais! Minha mensagem aos leitores? Que tal essa: “Caro leitor, peço que me permita, ao longo de meu livro, ser seu guia pelos mistérios ilimitados das antigas civilizações! Veja através de meus olhos e nos aventuremos nesse estranho, distante e lendário mundo, em busca do desconhecido. Assim, sem medo, e com o peito aberto, poderemos nos lançar pela antiga sabedoria indígena e nos entregarmos com uma ansiedade quase adolescente, ao milenar mundo das antigas civilizações desaparecidas, sonhando com tesouros e ruínas jamais vistos. E se não pudermos nos permitir ao menos isso, eu lhes pergunto: de que vale a vida afinal?”
Boa leitura a todo!!!.

Obrigado pela sua participação.

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