27 janeiro, 2016

Entrevista com Arides Leite Santos - Autor de: IPUPIARA E IBIPETUM

É natural de Ipupiara, Bahia. Bacharel em Ciências Contábeis e em Direito. Fez MPA (Master Public Administration) em Controle Externo pela FGV/RJ. Tem Especialização em Direito Público e Controle Externo pela UnB e Especialização em Direito Constitucional pela Universidade Gama Filho. É coautor da obra Estado Democrático, Direito Público e Controle Externo - Organizador: José Geraldo de Sousa Júnior. É autor dos livros: História dos Batistas em Ipupiara e Tomada de Contas Especial: o exercício do contraditório perante o Tribunal de Contas da União. É Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas da União.


Trata-se das comunidades de Ipupiara e Ibipetum: suas origens ao final do séc. XIX e seu desenvolvimento ao longo do séc. XX, abordando os fatos relevantes até a sua realidade contemporânea (2015). Descreve a luta comum de seus líderes para desmembrar os dois distritos do município de Brotas de Macaúbas e criar o município de Ipupiara, no que foram vitoriosos (1958). Descreve o antagonismo político entre eles, algo marcante em suas histórias; os embates eleitorais travados entre si, cobrindo a primeira eleição em 1958 até a última em 2012. Aborda a importância que teve para a economia local o cultivo do fumo e o seu extraordinário comércio entre pequenos produtores e empreendedores locais, que o exportava para outros Estados. O ciclo da produção e exportação do fumo produzido na região teve início na década de 1920, atingiu o seu auge na década de 1960, fez a fortuna de algumas famílias, que acumularam um capital invejável, e se exauriu ao final da década de 1980. Trata das dificuldades que o município enfrentou no início de sua existência para construir escola e contratar professores ante a necessidade dos munícipes da época. Fala dos educadores que se empenharam para mudar essa situação. Enfim, este livro conta a história de homens e mulheres de valor estabelecidos em duas comunidades rivais na política, sim, mas que compartilham dos mesmos hábitos, costumes e valores. História de lutas travadas no ambiente da Chapada Diamantina, Bahia, Brasil.

Olá Arides. É um prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da Scortecci do Portal do Escritor.

Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
Este livro trata de fatos marcantes da história de Ipupiara, cidade da Chapada Diamantina, e do distrito de Ibipetum. Fala de como surgiram as duas comunidades ao final do século XIX e se desenvolveram ao longo do XX, focando na luta de homens e mulheres de valor que, em sucessivas gerações, deram o melhor de si para viabilizar a educação de seus filhos, o que resultou no município que hoje é admirado pela valorização do trabalho, pelo elevado número de empreendedores natos e pelo extraordinário senso de responsabilidade de sua gente. O livro aborda o ciclo da produção e comercialização do fumo de rolo, produto que fez a fortuna de algumas famílias. Foi fundamental para o desenvolvimento da economia local, teve início na década de 1920, entrou em declínio e se exauriu ao final da década de 1980. Expõe o antagonismo político-eleitoral que durante décadas ocupou as mentes e corações, tanto dos líderes de Ibipetum, quanto dos líderes de Ipupiara, ambos os lados tendo em vista a conquista da prefeitura municipal. E trata de outros assuntos relevantes.
A ideia de escrever o livro surgiu a partir de conversas com amigos conterrâneos que, assim como eu, perceberam que de uma maneira geral os moradores atuais de Ipupiara e de Ibipetum não têm conhecimento ou não têm motivação para se interessarem pela história do Município. Não existe acervo que permita acesso aos fatos que perfazem a história dessa gente. Afora alguns raríssimos idosos que realmente se interessam por artigos de cultura - colecionando fotografias, jornais antigos, livros sobre episódios específicos - não se tinha uma fonte que trouxesse uma concatenação dos fatos capaz de oferecer aos interessados uma compreensão sobre a identidade política, econômica, social, religiosa, cultural, etc. dessas comunidades. Este livro foi gerado em meu espírito com a pretensão de trazer à mostra o DNA de Ipupiara e Ibipetum.
O público a que se destina são todos aqueles que desejam conhecer o universo sagrado e profano da realidade crua vivenciada em determinados lugares da Chapada Diamantina, Bahia, Brasil..

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Este é o meu terceiro livro, todos publicados pela Editora Scortecci. O primeiro foi História dos Batistas em Ipupiara: a obra das missionárias no sertão. E o segundo, Tomada de Contas Especial: o exercício do contraditório perante o Tribunal de Contas da União. Além desses, sou coautor da obra Estado Democrático, Direito Público e Controle Externo. Organizador: José Geraldo de Sousa Junior, em que participo com o artigo: O reconhecimento da prescrição pelo Tribunal de Contas da União.
Estou com quase 51 anos (daqui a dois dias chego lá). Se ao longo da jornada que me resta o Espírito criador enxertar o meu espírito com um pouquinho do poder de criação, certamente envidarei os esforços necessários para dar à luz os mais livros que vier a conceber.

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Para falar sobre a vida de escritor eu teria que ter muito mais informações sobre o assunto do que tenho atualmente. Eu mesmo não me considero um escritor no sentido de alguém que vive de escrever livros. Considero-me no máximo um iniciante na arte de escrever. O pouco interesse de grande parte dos brasileiros pela leitura eu penso que se explica por várias razões, ou seja, é um problema complexo que deve ser superado ao longo de muitas gerações. Por exemplo, entre dedicar tempo à leitura de um livro e sentar-se à frente da TV assistindo novela, boa parte dos brasileiros/brasileiras prefere a segunda opção.
Eu sou um consumidor voraz de livros. Até me policio para não me tornar obsessivo. No entanto, cheguei à conclusão que preço de livro no Brasil é e sempre foi abusivamente caro. A meu ver, não se justifica os preços cobrados. Cobrar mais de R$ 20,00 por um livro com até 100 páginas, mesmo que o autor seja um gênio – estou convencido - é fazer do livro uma fonte de lucro para saciar a ganância de alguns, em detrimento do fim nobre a que um livro sério se propõe. Talvez essa seja uma das principais razões pelas quais boa parte dos brasileiros se recusa a comprar livro.

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Como eu disse, esse é o meu terceiro livro, todos editados pela Scortecci. Eu fiquei sabendo de sua existência pela leitura dos livros do meu amigo Carlos Araújo que haviam sido publicados por essa editora paulista. A partir daí, quando tive a necessidade de contratar a edição do meu livro, entrei em contato por telefone e depois por e-mail. Em todas as três publicações eu fiquei muito satisfeito, todos os prazos foram rigorosamente cumpridos, assim como as demais obrigações assumidas pela Editora.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Coloquei o melhor de mim na concepção desse livro. Foi escrito em linguagem clara, objetiva, concisa, direta. Foram dois anos de pesquisa, entrevistas, etc. O leitor será levado a conhecer a realidade vivida por duas comunidades estabelecidas na Chapada Diamantina. Histórias de homens e mulheres que ao longo do século XX travaram relações comerciais, disputaram eleições, enfrentaram conflitos religiosos: católico x batista, até se consolidarem na bela cidade de Ipupiara que, atualmente (2015), é admirada pelo elevado número de empreendedores estabelecidos em cidades da Bahia e até de outros estados. Aqui, estou certo, é possível obter uma relativa compreensão da nossa envelhecida democracia representativa, a partir do recorte da realidade política e eleitoral colacionado nas páginas deste livro.

Obrigado pela sua participação.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Pelo que percebo neste pleito de 2016 (Ascir x Elisangela) e também no de 2012 (David x Ivoneide), após Arides Leite ter revelado que isso pendurou até o pleito de 1996 e que a partir de 2000 não existia mais, foi equivocado, visto que o antagonismo político-eleitoral que durante décadas ocupou as mentes e corações do povo de Ibipetum x Ipupiara até hoje.

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    1. O antagonismo político-eleitoral que existe hoje em Ipupiara restringe-se ao dualismo que podemos chamar de situação-oposição. No caso da eleição de 2016, Ascir representou o lado da situação, sendo então vice-prefeito e candidato com o apoio do então perfeito David Ribeiro. Elisângela representou o grupo dos partidos de oposição,notadamente o PT que indicou o candidato a vice da sua chapa. Ambos, Ascir e Elisângela nasceram em na sede e construíram suas carreiras nela. O eleitorado de Ibipetum não lançou um candidato para chamar de seu, como fazia em outrora, ao contrário, vou num e noutro, de acordo com motivações outras que, inequivocamente, não se identificam o histórico antagonismo "candidato de ipupiara" versus "candidato de ibipetum. Na eleição de 2012, Ivoneide contra David, a situação foi exatamente a mesma: ambos são de Ipupiara (ele de nascença e formação; ela só de formação), ele candidatou-se à reeleição, portanto, representando a situação, e ela pelo PT, como representante dos partidos controlados pelo grupo da oposição.

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