É auditora-fiscal da Receita Federal, graduada em Letras e Direito pela Universidade Estadual de Maringá. Dedica seu tempo livre ao amor pela leitura e a escrita. Possui contos publicados em antologias no Brasil e em Portugal. Estreia na literatura infantil com O Mundo Exclamante, livro inspirado e dedicado ao seu filho Felipe.
Um rapazinho muito esperto e curioso surpreende-se ao acordar em um mundo diferente de tudo o que ele já viu. Ele viverá uma aventura fantástica, ao lado de companheiros um tanto peculiares, que o ajudarão a desvendar um misterioso universo repleto de surpresas “exclamantes”.
Essa nova experiência provocará nesse garotinho uma destemida curiosidade e um aprendizado significativo para sua vida.
Eis alguns pedacinhos dessa aventura:
“(...)
Felipower tinha um objetivo nesse passeio: reencontrar o losango com a luz no centro, aquele que fizera com que ele voltasse para seu mundo. Mas não seria tarefa fácil encontrá-lo, porque os objetos movimentavam-se constantemente e não havia nada que pudesse indicar o lugar exato do losango. Então, pediu para Feliporquê ajudá-lo a montar objetos.
– A gente só precisa juntá-los, Porquê.
– Mas, por quê?
– Eu não preciso te falar o porquê, Porquê! Porque você verá o porquê, entende?
Os meninos começaram a juntar algumas formas, montando novos objetos. Mas nada acontecia. Felipower olhou para o companheiro e levou um susto. Ele estava meio transparente.
– Porquê, você está ficando difícil de enxergar!
...
– O que… quem é você?
– Meu nome é Felipequeno.
– Você só pode estar brincando!
“Será que o Porquê está no Pequeno?” – pensou Felipower com cara de análise.
...
Na natação, durante um mergulho, pensou “Será que existe algum Felipeixe em algum mundo aquático?” E soltou uma gargalhada borbulhante.
...
“Metreletrito” era mais uma das expressões inventadas por Felipower. Mas essa palavra formava um conceito próprio composto por três medidas diferentes: tempo, distância e sensação.
(...)”Olá Sandra. É um prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da Scortecci do Portal do Escritor.
Do
que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que
se destina sua obra?
O Mundo Exclamante conta a história de Felipower, um
garotinho muito especial, que se surpreende ao acordar em um mundo diferente de
tudo o que ele já conhecia. Nesse novo universo, de cores, formas e sensações
novas, Felipower encontra companheiros peculiares que o ajudam a desvendar esse
novo mundo. A aventura desse garotinho o conduz a um aprendizado profundo e
determinante para a maneira como ele enxergará o seu próprio universo e cada
ser vivo do planeta.
Meu filho, Felipe, inspirou-me não apenas quanto ao
personagem principal, mas também a escrever o próprio livro. Aos seis anos de
idade, ele me perguntou: mamãe, se você pudesse ter outra profissão, qual você
gostaria de ter? Respondi a ele que gostaria de ser escritora. Diante da
minha resposta, ele me pediu que, então, escrevesse um livro para ele. No mesmo
dia, comecei a esboçar O Mundo Exclamante.
O público-alvo do meu livro é o infanto-juvenil, mas não
apenas. Já recebi feedback de adultos que viram nele um entretenimento
agradável e reflexivo. Trata-se de uma história que, além de envolver os
pequenos num curioso universo, pretende transmitir algumas reflexões como o
benefício de se observar e respeitar as diferenças entre as pessoas, diferenças
essas desvinculadas da imagem do corpo; que cada ser humano, com suas
características boas ou ruins, é, ao mesmo tempo, aprendiz e fonte de
aprendizado; demonstrar que, dentro de nós mesmos, podemos encontrar respostas
sobre como lidar com o nosso mundo; e que todos somos partes de um todo, de uma
vida que vai além de nós mesmos, e que temos a missão de tornar esse todo
melhor.
Fale de você e de seus projetos no
mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de
plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Sou mãe escritora, esposa escritora, auditora-fiscal
escritora, dona de casa escritora, mulher escritora, sou um ser humano completo
quando sou escritora. A escrita tornou-se parte inseparável e indeclinável do
que me compõe e está em cada cantinho e em todos os aspectos da minha vida. Em
tudo encontro motivação para algum tipo de texto, ainda que o único
destinatário seja eu mesma. Escrever tem sido uma das experiências mais
gratificantes para mim. É uma forma de me traduzir em palavras, traduzir a
forma como eu vejo o mundo e, também, de criar novos mundos, dando-lhes a forma
que eu desejar. Eu sinto paz enquanto escrevo. Os pensamentos, as ideias, os
sentimentos parecem fazer mais sentido quando são esculpidos por palavras
escritas.
Paradoxalmente, a vida que inspira a minha escrita é a
mesma que a limita. Digo isso, porque o saldo de tempo que me resta e que posso
dedicar a essa atividade é muito restrito. Mas tenho, sim, alguns projetos no
mundo das letras. O maior talvez seja aprimorar e amadurecer cada vez mais a
minha escrita e, assim, ser capaz de transformar um texto meu em uma companhia
especial e desejada pelo leitor.
Tenho algumas outras publicações – contos e poemas
participantes de antologias no Brasil e em Portugal. No caminho do meu
aprimoramento como escritora, pretendo continuar com a participação em
antologias e também em concursos literários, pois, além de me manterem em
constante e ativo contato com esse universo, permitem que eu exercite a escrita
nos mais variados estilos e temas.
Na medida do que me for possível, pretendo investir em um
livro solo (vários, se possível), direcionado também ao público juvenil/adulto,
para o qual já tenho alguns esboços. Porém, para essa meta precisarei de
paciência, considerando o fato de ainda não poder dedicar minha vida profissional
exclusivamente à escrita.
O que você acha da vida de escritor
em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Essa é mais uma das questões culturais problemáticas do
nosso país. Como muitas outras, sua origem está na Educação, que não recebe a
valorização, o foco e o investimento adequados. O cenário do sistema
educacional e, por consequência, cultural é complexo demais, envolvendo
questões políticas, econômicas e de interesses não vinculados a um progresso
intelectual e cultural do povo.
Mas não somente tais aspectos pesam na questão da leitura pouco
valorizada. Há, via de regra, uma atitude de desvalorização da leitura também
dentro dos lares, nos hábitos familiares passados de geração à geração. Por
costume ou falta de crítica, há um comodismo padrão nas famílias, de priorizar
o horário de lazer e descanso no lar com a televisão, especialmente com
programas que nada acrescentam em termos de senso crítico e estímulo para um
desenvolvimento pessoal. Os adultos, já cansados da labuta e dos problemas da
rotina diária, entregam-se à passividade de posicionar-se comodamente diante da
tela, conduzindo as crianças, pelo exemplo, ao mesmo hábito. Naturalmente,
pegar um livro e mergulhar entre palavras escritas exige mais disposição, exige
que se empregue a mente em mais trabalho (ainda que prazeroso). Fugir dos
livros para as telas de televisão ou de vídeo-games, como hábito cotidiano,
traz consequências desastrosas não apenas para os escritores, que precisam muito de leitores, mas principalmente para a cultura do país como um todo.
Nesse contexto, o escritor de jornada integral vê-se
sozinho, desamparado. Essa solidão não diz respeito apenas ao mercado
literário, pela falta de um espaço que lhe dê reconhecimento e sustento, mas
também no seu meio familiar e social, pois não encontra apoio e incentivo para
ir adiante. A baixa valorização da arte gera um preconceito prejudicial ao
ânimo do escritor. Sobram julgamentos pejorativos sobre sua opção.
Já os escritores que escolheram (forçosamente ou não) ter
uma outra atividade principal como fonte de sustento, reservando as horas vagas
à atividade da escrita, por outro lado, dedicam-se muito aquém do que gostariam
ou deveriam.
Por tudo isso, a literatura no nosso país que, pela sua
amplitude populacional, poderia oferecer um campo fecundo de desenvolvimento,
acaba revelando um número muito restrito de novos talentos. A vida de escritor
no Brasil, regra geral, é e ainda será por muito tempo nutrida basicamente por
empenho, persistência, abnegação e amor ao que se faz. Há um longo caminho até
alcançarmos um país (povo e governo) que entenda o valor da leitura como um
delicioso alimento do intelecto e um valoroso meio de evolução do povo.
Como
você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
De fato, em contato anterior com publicações do selo Pingo
de Letra, gostei dos elementos editoriais que observei nos livros. Quando
decidi publicar O Mundo Exclamante, não cheguei a pesquisar editoras. Entrei
em contato direto pelo formulário disponibilizado no site da Scortecci,
pedindo informações. Fui atendida com atenção e objetividade nos e-mails
trocados. Algo, aparentemente banal, como interpretarem suas perguntas e
responderem adequadamente, não é praxe em contatos comerciais em geral.
Normalmente, as pessoas mal leem o que você escreve. Respondem o que você não
perguntou ou te deixam sem resposta. Fiquei admirada com a capacidade de
comunicação e objetividade que percebi nos e-mails trocados. Então, não tive
dúvidas de que era esse profissionalismo que eu queria na minha publicação.
O
seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus
leitores?
Sim, afirmo com segurança que o meu
livro merece ser lido. Colocando necessariamente a modéstia de lado, é um livro
com qualidade não apenas de forma, mas também de conteúdo. O livro foi gerado
com o amor de uma mãe pelo filho. Não se trata apenas de uma analogia. Foi o
amor ao meu filho que me fez conceber esse livro, e me dediquei também com amor
a essa criação. Existe nas entrelinhas da sua história afeto e admiração pela
vida na forma de uma criança. Existe também uma entrega sem medo a um mundo de
fantasia, como um meio de expressar uma visão pessoal e figurativa do que
fazemos aqui, neste planeta. E tendo essa minha criação tomado a forma de um
livro, ele merece, por sua natureza, ser lido.
Gostaria de ver na expressão de outras crianças a expressão
que vi no rosto do meu filho quando o leu – quase o tempo todo com um sorriso
no rosto, atento, dando pequenas gargalhadas aqui e ali. Acredito que é
possível que essa experiência se repita com outros pequenos leitores. É o que
espero, pois o que há de mais gratificante na experiência da escrita é que ela
atinja o objetivo de provocar emoção, reflexão, algum tipo de entrega à leitura
do que escrevemos.
Aos leitores em geral, devo ainda dizer que a sua missão é
manter acesa a chama literária. Leiam muito e fomentem essa prática nas
crianças de seu círculo. A leitura é um estímulo essencial à escrita, sob
qualquer ângulo – seja do leitor, cujo interesse e capacidade de crítica
incentivam e aprimoram os escritores; seja do ângulo do próprio escritor, que
encontra nos livros um valioso instrumento para enriquecer a sua escrita.
Obrigado
pela sua participação.
Muito interessante os comentários da Sandra. Se dedicar a escrever é realmente incrível! Espero que consiga fazer isso, um dia. Escrever para um filho é maravilhoso. Vi a alegria dos meus netos com os poemas que fiz para eles. A minha neta, uma criança que adora ler, ficou encantada ao ver que no meu livro escrevi um poema para ela. Sucesso Sandra! Lúcia Vasconcelos.
ResponderExcluirLúcia, fico muito feliz com o seu comentário. Obrigada! Realmente, os pequenos sentem-se ainda mais especiais com uma homenagem assim, que se eterniza. Beijinhos!
ExcluirAgradeço à Editora Scortecci, por meio do Blog do Escritor, por mais essa oportunidade de divulgação.
ResponderExcluirAdquiri o livro recentemente,e o mesmo mostrou-se muito proveitoso e edificante,a visão de mundo nele inserido,leva-nos a reflexões e indagações muito pertinentes,apreciei e recomendo este livro da minha querida amiga Sandra Boveto.
ResponderExcluirMeu amigo, muito obrigada pelo comentário e pela recomendação. Fiquei muito feliz!
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