17 março, 2024

Lairte Souza - Autora de: VIVÊNCIAS

Nome literário de Lairte Oliveira Souza
Nasceu em Serrinha (BA) em 1970. Formada em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1998, é servidora pública do Judiciário Federal desde 1993. Estreou com Poemas Contos Crônicas, publicado em 2021. Vivências: Poemas, Contos e Crônicas, seu segundo livro, reúne o conteúdo do primeiro somado a escritos inéditos que se relacionam. Divulga sua produção literária no blog lairtepoesiaearte.blogspot.com., na Revista Bibliocanto, do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), e Anajustra Cultural.

Este livro fala sobre a solidão da mulher moderna, tão cheia de realizações e tão só, abrindo seu coração para o leitor através dos Poemas, numa linguagem simples em forma de prosa, oferecendo uma leitura prazerosa, leve e ao mesmo tempo autêntica e emocionante. Questiona as próprias ações numa tentativa de compreender a si mesma, trazendo à luz uma personalidade atípica. Mistura o imaginário com o real nos Contos e Crônicas. Quase toda a produção literária foi realizada durante a pandemia: 2019/2021 e outros textos são mais recentes: 2022/2023.


Entrevista

Olá Lairte. É um prazer contar com a sua participação na Revista do Livro da Scortecci.

Do que trata o seu Livro?
Na primeira parte, de Poemas em forma de prosa, trago muito sobre minha solidão naquele período de pandemia da covid-19; às vezes desalento, noutras uma vontade grande de viver tudo que não havia vivido até então, navegando entre fantasias e nostalgia do passado; da solidão daquela mulher moderna, tão cheia de realizações e ao mesmo tempo tão só (“O amor a me contemplar”, entre outros); o sofrimento da perda (“Fragmentos/Perda de uma filha”). Busquei incessantemente através das palavras encontrar respostas que explicassem meu jeito tão atípico de ser, desde a infância, pois sempre houve um mundo à parte, ao qual eu assistia à distância, muda e sem expressão suficiente para ser compreendida. E para minha surpresa consegui transferir muitos dos meus sentimentos para o papel, deixando-me levar pelo que de mais íntimo podia sentir, em cada folha, a cada questão existencial refletida, para que o verso saísse da forma mais genuína possível. Era preciso se despir de qualquer pudor, e eu o fiz.
Na segunda parte, de Contos e Crônicas, escrevi sobre histórias reais (a exemplo de “Um menino homem”), e ficção baseada em lembranças do passado (“Um dia no Parque”, dentre outras), ou inspirada em pessoas com quem convivi, ou coisas divertidas que ouvi e mereciam ter uma bela estória criada e registrada.

Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
Foi a mensagem de que poderia morrer na pandemia. Aquela sensação de fim do mundo. Eu precisava preencher o tempo para não enlouquecer. Era muita inquietação. Decidi tomar coragem e arriscar. Deixar o perfeccionismo e a insegurança de lado, que só nos atrapalha e impede de produzir. Criei o blog: lairtepoesiaearte.blogspot.com e comecei a compartilhar com amigos, colegas de trabalho, também no Bibliocanto/TRE-BA e na Anajustra Cultural. Acredito que meu livro é mais indicado para o público adulto, psicólogos, terapeutas, atípicos....

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Ahh... eu sou uma longa história. Acima já deixei muitas pistas. Melhor não revelar tudo de mim... Oficialmente sou Servidora Pública Federal, Artista Plástica formada pela UFBA e gosto de dizer sonhadora, Poetisa/ Contista/ Cronista iniciantes. Filha de agricultores, caçula de doze filhos de Catarina e Aurelino (meus pais). Fruto de cantigas de roda, cavaquinho e batalhões, casa de farinha...
Acredito que a minha bagagem mais pesada eu deixei ali naquele livro. Encontrei algumas respostas. Agora sigo mais leve. Se algo me inspirar, ou tiver uma história/estória muito boa, continuarei escrevendo, sim. Inclusive já faço isso no meu blog.

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Fico desolada com o valor do nosso trabalho, se fizermos uma comparação com outros produtos/serviços do dia a dia (1h de manicure é o valor venal do meu livro, só citando um exemplo).
Acredito que o brasileiro admira os livros, os escritores, mas o trabalho ainda é a prioridade. Livros técnicos necessários para o trabalho têm prioridade aos livros de ficção, poesia. Eu entendo. Há muita campanha de incentivo à leitura na tv, escolas. Não é isso que falta. Penso que é preciso ter dinheiro para o básico, conforto, para então comprar livros como o meu (não didático/escolar). E também trazer consigo o desejo de algo além do prático: a fantasia, vontade de refletir sobre questões existenciais, aquela inquietação que faz a gente buscar respostas para além do nosso próprio mundo. Talvez só um pequeno número de pessoas carregue isso consigo, o que explicaria um outro motivo da pouca procura. Eu não as culpo, e isso não é defeito em uma pessoa. Eu até admiro.

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Através de uma escritora, minha conterrânea, chamada Margarida Maria de Souza.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Às vezes chega a ser uma cura quando lemos um livro com o qual nos identificamos, e acredito que muitas pessoas irão se identificar com Vivências: Poemas, Contos e Crônicas. Transformando dores, alegrias, amores em Poesia.
Ademais há também o atrativo de serem textos curtos, sintetizando o que precisava comunicar, como eu prefiro, como leitora.

Obrigada pela sua participação.

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