27 maio, 2024

Daniel Fresnot / Israel Ferreira Toito / J. Eugenio A. Lopes - Autores de: MENINO DE RUA, MENINO DE ABRIGO

É francês de nascimento e brasileiro de coração. Formou-se em Letras, trabalhou na indústria da família e escreveu dez livros em português e cinco em francês. Depois do Plano Collor, que congelou o dinheiro das empresas e dos cidadãos, fez uma promessa: se a fábrica não fechasse, ele faria um trabalho para os excluídos. Assim nasceu a Casa Taiguara, primeira a acolher dia e noite diretamente da rua crianças e adolescentes abandonados no centro de São Paulo. Daniel é Judeu Messiânico, isto é, um Judeu que acredita em Jesus por Messias. Ele está traduzindo a Bíblia Judaica e o Novo Testamento.

Israel Ferreira Toito foi menino de rua em São Paulo. Pela sua coragem e determinação conseguiu sair da rua e hoje trabalha como profissional. Seu testemunho pode servir de exemplo para salvar muitos outros jovens de rua.

J. Eugenio A. Lopes nasceu em Portugal em 1947. Formou-se em Economia pela Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro. Chegou a São Paulo em 1985, onde conheceu a Casa Taiguara e o Daniel Fresnot. Com a convivência com as crianças e adolescentes em situação de rua, conscientizou-se de que essas vítimas da sociedade serão sempre credoras de acolhimento e iniciativas que lhes facultem a oportunidade de transformar suas vidas. Isto fica bastante evidente no capítulo “Contos do destino”, de sua autoria.

O Exemplo do Jovem Israel
Será possível tirar as crianças e adolescentes da rua ou da droga? Os exemplos de Israel Ferreira Toito e da Casa Taiguara em São Paulo provam que sim. Com um trabalho completo, 24 horas, parceria com escola, comunidade terapêutica, pedagogia participativa, o jovem se recupera até do crack ou de outras drogas. No abrigamento o menino não tem só direitos, também tem deveres, e isso funciona. Neste livro você encontrará o depoimento de Israel, que foi menino de rua, e a solução a essa trágica realidade de nossas grandes cidades. Quem salva uma vida salva a humanidade.

Entrevista

Olá Daniel. É um prazer contar com a sua participação na Revista do Livro da Scortecci

Do que trata o seu Livro?
Menino de rua – Menino de abrigo: O exemplo do jovem Israel, conta a história de Israel Ferreira Toito, sua infância e adolescência vivida nas ruas de São Paulo. É um relato, que partindo de uma entrevista e do seu próprio testemunho, põe o foco na crueza da vida de tantos outros meninos e meninas que passam por nós todos os dias e que vemos como uma fonte de violência pronta para nos agredir.

Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
Em 1993 foi criada a Casa Taiguara, a mesma que dá vida à capa do nosso livro; e desde então vimos, com a ajuda de inúmeros voluntários e benfeitores, proporcionando abrigo e novas oportunidades para os jovens em situação de rua de nossa cidade. Esses anos nos contaram incríveis histórias daqueles, já hoje homens e mulheres, que trilham o caminho de uma vida digna por terem um dia sido acolhidos com afeto e respeito. Há muitos anos que estamos convencidos que aqueles que hoje nos provocam medo e angústia nada mais são do que as maiores vítimas de uma sociedade injusta da qual fazemos parte.
Acreditamos que o leitor que hoje tomar contato com este livro pode ter, bem perto de si, um ex-menino ou menina de rua, convivendo com ele de forma saudável, sem saber que o que vê hoje pode ter sido aquele que lhe infligiu medo nalguma parte do passado..

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Já são muitos anos trilhando o caminho das letras já tendo publicado dez livros em português e cinco em francês. Hoje estou trabalhando da tradução do Antigo Testamento do francês para o português, além de um livro de contos que aborda, entre outros temas, a vida de quem cuida daqueles que moram nas ruas de São Paulo.
Para este livro, em especial, tive a participação do Israel Toito, autor central da nossa história e também do Joaquim Eugenio Lopes, amigo e voluntário da Casa Taiguara que aqui contribuiu com “Contos do Destino” um relato que, sendo ficção, coloca luz sobre o que acreditamos que são as oportunidades que a nossa sociedade deve aos nossos jovens menos favorecidos..

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
É um desafio quase intransponível para aqueles que pretendem fazer desta arte a sua principal fonte de renda. Em particular para mim, vejo como sendo um instrumento para tocar as trombetas chamando à realidade aqueles que podem e querem acordar para o mundo real das injustiças que nos rodeiam.

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Em 1989 publiquei meu segundo livro de poesias “Outros Continentes” com a Editora Scortecci e verifiquei a qualidade do trabalho de edição. Esse livro teve uma segunda edição e ainda espero que tenha outras.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Este livro é o que é. Sem tirar uma vírgula do seu conteúdo. Se merece ser lido? Depende. Se o possível leitor está mais preocupado consigo mesmo, em ganhar mais dinheiro, viver melhor, ter conforto, sucesso e sossego, então não aconselho ler Menino de rua; Menino de abrigo. Poupe seu tempo e seu dinheiro. Não que aqueles desejos sejam maus, muito pelo contrário. Mas se for somente isso, será pouco para quem pretende ter uma vida que faça a diferença na vida de outros.
Mas, se por outro lado, o possível leitor desta obra tiver a inquietude de ver tantas diferenças humanas, tantos sofrimentos provocados por uma sociedade egoísta e cruel; se o futuro leitor se inquieta com o que vê nas ruas da nossa cidade, acreditamos que este poderá ser um bom começo, a partir do seu final..

Obrigado pela sua participação.

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